Faltam 18 mil empregados na Caixa e o representante da empresa e do governo diz que está tudo bem
A Caixa Econômica federal já teve mais de 101.200 empregados em 2014, e hoje tem o menor número de empregados em 11 anos: pouco mais de 83 mil. Mesmo que não tivessem aumentado os clientes, os números de contas, empréstimos e todos os tipos de operações bancárias, faltariam 18 mil empregados na Caixa. Mas, nestes 11 anos, o número de clientes e de contas mais do que dobrou, o banco passou a ter um setor rural com o qual não operava, multiplicou os financiamentos habitacionais e todas as demais áreas de crédito e atividades financeiras.
Se fosse para manter a mesma proporção de clientes por empregado, o DIEESE (Departamento Intersindical de Estudos Econômicos e Sociais) calcula que deveriam ser contratados exatamente mais 114.902 empregados. É um cálculo mais ou menos simples: mais do que o dobro de clientes e operações de 2014 para cá, precisaria ter mais do que o dobro dos 101 mil empregados de 2014 para cá. O número parece absurdo, mas mais absurdo é a situação dos bancários adoecendo, vivendo à base de remédios, afastados, internados e até suicidados. Há uma epidemia de doentes na Caixa, especialmente por conta das condições de trabalho. O massacre ocorre todos os dias, e envolve os empregados e a população, que precisa do banco e sofre com filas e atendimentos demorados. Nós passamos a achar o lógico absurdo, e o absurdo como normal. Clientes chegam a esperar 4h por um atendimento em unidades de todo o país; há momentos no mês ou quando há algum novo programa social ou situação específica (pé-de-meia, renegociação do FIES, vencimento em massa dos cartões) em que os empregados ficam trabalhando até a noite em várias unidades. Isso é inadmissível. Enquanto isso, o banco lucra bilhões todos os trimestres.
Nós reconhecemos que a tecnologia permite que não haja mais a necessidade de exatamente a mesma proporção de empregados do que antes destes avanços. Mas não repor ao menos os 18 mil empregados a menos é um escândalo! Não bastasse não repor, o governo federal e a direção da Caixa estão cortando ainda mais, e achando bom. Dizendo que está certo.
Em audiência pública na Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira, dia 9/12, o Sr. Pedro Jorge Pereira, representando o presidente da Caixa, Carlos Vieira, disse que o concurso recentemente realizado, teve o número necessário de vagas, que não vai haver expansão dos contratados e que há bancos privados e fintechs que trabalham com um número de clientes por empregado ainda maior, o que, portanto, justificaria que a Caixa não precisa de mais empregados. É um tapa na cara dos trabalhadores.
Em primeiro lugar, nenhum outro banco, muito menos estes bancos digitais, têm toda a função social da Caixa, que atende PIS, FGTS, seguro-desemprego, Bolsa-Família, inúmeros outros programas sociais, além de estar presente em municípios menores e atendendo ao maior volume da população que não seria bancarizada se não fosse a Caixa. Não há como comparar! Em segundo lugar, a falta de empregados é visível em cada unidade, e se reflete num atendimento demorado, em filas, em falhas, em clientes mais expostos a golpes e fraudes, em adoecimento de empregados e até mesmo em resultados piores para o banco, porque as pessoas trabalham esgotadas ou se afastam por problemas de saúde.
No governo atual, foi dado por encerrado o último concurso realizado, que ainda estava chamando pessoas, sem que se terminasse de chamar todos os aprovados e que constavam do cadastro de reserva esperando para serem chamados. Através de um “acordo”, a Caixa aceitou convocar o inexpressivo número de 800 empregados em troca de encerrar definitivamente a discussão sobre o concurso anterior. Mas, no mesmo ano em que chamou estes 800 aprovados (2023), saíram 897 outros bancários da Caixa! Agora, em 2024, veio o novo concurso, após 10 anos do último, trazendo esperança a muita gente. Contudo, a realidade é oposta, a começar pelo anúncio de apenas 4000 novas contratações, sendo apenas 2000 para a rede de agências, ao mesmo tempo em que sairiam 3200 colegas pelo PDV. No fim das contas, apesar de que parecia que entrariam 800 colegas a mais dos que sairiam, um número irrisório, na rede de agências, que é onde mais há carência, seriam perdidos cerca de 1000 colegas (3000 saindo, aproximadamente, do total de 3200 do PDV; e apenas 2000 entrando). Porém, tudo é ainda muito pior.
A começar que o PDV foi alterado para saírem 4147 empregados, quase 1000 a mais do que anunciado inicialmente. E, dos supostos 4000 que entrariam, foi limitado a que entrem, no máximo 3200 (1600 na área de TI e 1600 na rede; com 400 aprovados apenas como cadastro de reserva em cada área). A Caixa agora deixa claro que estes 800 aprovados do cadastro de reservas não serão chamados, a não ser que seja para substituir os desistentes da lista de 3200. Sendo que pode haver locais em que o número de desistentes seja maior do que o de pessoas no cadastro de reserva, fazendo com que até mesmo parte das 3200 vagas “confirmadas” não seja preenchida. Resumindo: se disse que entrariam 4000 empregados, mas, no máximo, entrarão 3200. Provavelmente, serão menos. E foi dito que sairiam 3200, mas sairão quase 4200. A situação que já está péssima vai ficar pior ainda.
A APCEF-RN está na luta para que haja contratação de verdade! Que seja ampliado o cadastro de reservas deste concurso para todos os aprovados nas provas objetiva e de redação. E que todos sejam chamados, ampliando em menos de 4000 os novos contratados, além do previsto. Ainda assim faltará gente, e, portanto, defendemos que já haja, no ano que vem, um novo concurso, para preencher todo o déficit existente.