Lucro Caixa 2024
A Caixa divulgou seu resultado financeiro referente ao 4º trimestre do ano passado, com R$ 4,6 bilhões de lucro, alta de 59,7% em relação ao mesmo período de 2023. No consolidado do ano, o lucro líquido recorrente foi de R$ 14,014 bilhões, crescimento de 31,9%. Quando se considera o lucro contábil (apurado na chamada Demonstração do Resultado do Exercício -DRE), ele foi de R$ 13,527 bilhões em 2024, alta de 15,3% em relação ao ano anterior, quando o lucro contábil foi de R$ 11.733 bilhões. São excelentes números, mas é preciso discutir a que preço ele foi obtido e que retorno este lucro dará a quem trabalhou por ele e para a população brasileira.
Não podemos ignorar o fato de que, em termos de empregados, o ano de 2024 terminou com um saldo negativo de mais de 2000 empregados, descontando os mais de 4000 colegas desligados no PDV, e o ingresso a conta-gotas de novos aprovados no último concurso, cujo cadastro de reserva, inclusive, já foi esgotado em inúmeros polos. Então, são menos empregados que estão tendo que trabalhar cada vez mais, sob pressão, e num ambiente de adoecimento psíquico generalizado. Os bancários estão no seu limite, com sérias consequências de saúde, porque a política do banco é a de espremer ao máximo cada trabalhador. Além dos empregados, que fazem os lucros bilionários, os clientes são o outro lado desta equação, pagando cada vez mais tarifas e juros altos.
Na hora de receber parte do produto deste trabalho exaustivo feito todos os dias, os bancários da Caixa também saem frustrados, com valores muito aquém do que seria minimamente justo. Uma das bandeiras históricas levantadas em campanhas salariais, por exemplo, é a distribuição de 25% do lucro líquido de forma linear a todos os empregados. Se isso fosse aplicado, cada bancário faria jus a R$ 40 mil, aproximadamente. Alguns podem pensar que isso é fora da realidade. Por que? 100% do lucro foi feito por pessoas de carne e osso, empregados que estão todos os dias gerando resultados; então por que não remunerar quem gerou todo o lucro com apenas 1/4 deste resultado? A PLR mínima na Petrobrás, por exemplo, foi de R$ 48 mil em 2024 e será de R$ 52 mil em 2025. Não é bondade; é matemática, mas nos bancos a conta nunca fecha. Os números de lucro são cada vez maiores, mas a PLR aumenta só um pouquinho a cada ano. Na Caixa, apenas entre 12% e 15% do lucro é distribuído na PLR (oscilando ano a ano), e, para além da fórmula de cálculo rebaixada que segue congelada há anos, existem 2 redutores que impedem que o empregado receba um valor justo.
Além da PLR, em si, o lucro histórico da Caixa mostra que o banco pode assumir despesas muito menores, como o déficit do Saúde Caixa. A mensalidade do plano de saúde da Caixa foi sistematicamente aumentada nos últimos anos. A mensalidade passou de 2% para até 7%, passando a cobrar por dependentes (antes isentos), criando uma 13a mensalidade e aumentando o custo da coparticipação de 20% para 30%. O alegado déficit do Saúde Caixa é de pouco mais de R$ 300 milhões. Isso representa menos de 3% do lucro do banco. A saúde do trabalhador não é apenas um direito; é um investimento. O empregado afastado por doença não produz e o que trabalha doente vai estourar em algum momento. Cuidar das pessoas não pode ser apenas um slogan.
É preciso haver mais contratação de empregados, melhores condições de trabalho, a reestruturação da GIPES e um plano de saúde eficiente, com mais credenciados e a revogação de todos os aumentos dos últimos anos. O lucro da Caixa mostra o valor e o trabalho de seus funcionários. Mas é preciso que quem fez este lucro seja recompensado adequadamente.